Aliados de Bolsonaro e de Tarcísio não nos representam

Rio Claro é uma cidade maravilhosa e privilegiada. Temos características geográficas muito boas, como uma localização que permite a vida tranquila e agradável do interior ao mesmo tempo que o fácil acesso às metrópoles, além de favorecer a indústria e o transporte. Temos o nosso lindo céu azul, e importantes características naturais para a nossa economia e a nossa qualidade de vida. E, acima de tudo, temos um povo em sua grande maioria acolhedor e trabalhador. Mas, apesar de todas essas qualidades, Rio Claro é uma cidade marcada por um histórico de desigualdades, opressões e descasos, que falha em atingir todo o seu potencial de desenvolvimento humano, econômico e social. O motivo todos nós sabemos: a reprodução das mesmas elites, oligarquias e famílias retrógradas no poder local.

Hoje, Rio Claro é uma cidade ainda mais endividada do que já era antes, com os novos dois empréstimos totalizando 125 milhões de reais, isto é, mais de 23 milhões de dólares (praticamente 2 “ciborgues”, para quem lembra o quanto Rio Claro já sofreu com tais dívidas). Dinheiro esse empregado em obras públicas mal planejadas e de pouco retorno a longo prazo, obras que vem mais atrapalhando do que ajudando a vida da população. Obras feitas às pressas, às portas das eleições, promovidas por um prefeito que até então era considerado totalmente apagado e ausente da vida pública. Com isso, o atual prefeito vem perdendo cada vez mais apoio popular e vê sua reeleição ameaçada, e isso mesmo com a cidade estando povoada por cargos comissionados, contratados diretos pelo chefe do executivo e mais preocupados com a conservação dos seus empregos do que com o bem comum da cidade - problema, aliás, que se perpetua governo após governo, com reformas administrativas muito mal promovidas, e que favorecem os bajuladores dos gestores atuais em detrimento da valorização dos servidores públicos de carreira.

Não à toa, o governo atual tenta se salvar nessas eleições ao vincular a sua imagem ao governador Tarcísio de Freitas e fazer acenos aos setores políticos bolsonaristas. Afasta cada vez mais qualquer resquício de imagem de esquerda, além de ter feito questão de romper o diálogo com tais setores e ter escolhido um vice-prefeito associado a esse grupo. A adesão aos métodos bolsonaristas não é uma questão apenas de imagem, mas também de prática: a combinação de ações reacionárias contra direitos e uma agenda econômica ultraneoliberal. Foi nesse governo que foi sancionada, por exemplo, a lei Escola Livre, reprodução das ideias do movimento “Escola Sem Partido” cujo objetivo é retirar as liberdades de estudantes e educadores e censurar a prática pedagógica. Também é nessa gestão que vimos a venda indiscriminada de patrimônios da cidade e avanço na terceirização de serviços públicos.

Mas não bastasse o atual prefeito, agora várias figuras políticas rio-clarenses disputam entre si o título de representantes legítimos do ex-presidente inelegível. Os demais pré-candidatos dos partidos de extrema-direita, entre os quais está inclusive o atual vice-prefeito da cidade, disputam tal legado como urubus disputando uma carniça. E, ao fazer tal disputa, pouco ou nada falam sobre plano de governo, sobre programas de futuro para a nossa cidade e sobre os problemas reais que enfrentam diariamente os rio-clarenses. O que é algo realmente espantoso, visto que todas as figuras anteriormente citadas já estiveram no poder no passado recente ou até mesmo no presente, e ainda assim são capazes de apresentar um completo vazio de projeto político. Quando criticam o atual governo, ou o fazem de maneira superficial, como quem critica por criticar (como o próprio vice-prefeito atual, que não apresentou nenhuma justificativa válida para romper com o atual mandatário a não ser o mero oportunismo) ou o fazem de maneira bastante tresloucada e abusiva, como no exemplo do vereador que passou a invadir repartições públicas, atrapalha o atendimento à população e desrespeita os funcionários em seus espaços e horários de trabalho. Candidatos que, portanto, deixam o “sorriso largo” de lado e agora fazem parecer que o ódio e o ataque à esquerda, aos movimentos sociais, aos trabalhadores e às minorias se tornaram sua única plataforma política.

Nosso povo quer cada vez menos ódio, e cada vez mais cuidado, esperança e afeto na discussão política. Nossa população está pouco interessada em saber quem é mais amigo ou mais parecido com Bolsonaro, Tarcísio e companhia, e ávida por ouvir e construir alternativas verdadeiramente inovadoras e diferentes para a nossa realidade, que possibilitem superar os nossos problemas sociais para que Rio Claro atinja todo o seu real potencial.